sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Maçã é colhida com estimativa de 80% de perda na região

Maçã é colhida com estimativa de 80% de perda na região

Excesso de chuva e granizo atrapalhou desenvolvimento dos frutos; quilo da fruta está sendo vendido a R$ 1

Gracieli Polak
CANOINHAS/ MAJOR VIEIRA/ MONTE CASTELO

Nas prateleiras dos mercados, maçã fresca. No bolso dos fruticultores do Planalto Norte, mais dinheiro por menos fruta. A maçã da região, que começou a ser colhida em dezembro, novamente é a primeira a entrar no mercado no País, o que significa maior agregação de valor ao produto, mas diferente de outras safras, neste ano haverá menos dinheiro no bolso dos fruticultores.

Enquanto as variedades Eva e Princesa apresentaram rendimentos bons, a principal variedade cultivada na região, a Castel Gala, enfrenta dificuldades. De acordo com o produtor Alberto Schostak, que na terça-feira, 12, carregava o último caminhão com a fruta colhida em sua propriedade, na localidade de Rio d’Areia do Meio, em Canoinhas, a produção foi baixa, muito menor do que a esperada pela maioria dos fruticultores. “Realmente nós tivemos uma quebra muito grande, mas embora a produção tenha sido baixa, a qualidade compensou”, revela. Schostak cultiva um pomar com a variedade Castel Gala, desenvolvida em Monte Castelo pelo engenheiro agrônomo Jânio Seccon. Precoce, a variedade floresce com menos horas de frio e possibilita o adiantamento da colheita, principal vantagem, que neste ano entrou em atrito com o tempo úmido.

Durante a semana de floração da variedade a chuva persistente na região fez com que menos frutos fossem formados. “Choveu sem parar durante a semana que as árvores floriram. Com chuva a abelha não trabalha e a polinização, necessária para a formação dos frutos, não acontece”, explica o presidente da Cooperativa dos Fruticultores do Planalto Norte (Cooperpomares), Zennis Grein. Em Monte Castelo a Cooperpomares agrega mais de 100 hectares de área plantada com maçã e esperava para esta safra, de acordo com Grein, quatro mil toneladas de maçã, crescimento de 33% em relação à safra passada. “Pelo que estamos estimando, mal vai chegar às 700 toneladas a produção dos nossos cooperados”, revela.

GRANIZO CAUSA MAIS PERDAS
Em Major Vieira, a situação se repete. Segundo Valdecir Menegazzio, assessor técnico da Associação de Fruticultura de Major Vieira (Afrumavi), que em dezembro inaugurou sua unidade de classificação, a safra deste ano é notória pelas perdas que devastaram os pomares e pela pouca perspectiva de lucro. De acordo com Menegazzio, perdas de mais de 80% foram observadas na variedade Castel Gala pelos 12 fruticultores associados em Major Vieira, motivadas também pelas alterações no clima. “Nosso principal problema foi uma chuva de granizo que devastou os pomares, ainda durante a floração e formação dos frutos”, conta.

Com produtividade baixa, a principal vantagem da maçã do Planalto Norte se mantém. A colheita, que se inicia no final de dezembro, deixa para trás a região de Fraiburgo, principal produtora, e garante melhor preço para os fruticultores. O quilograma da fruta tem saído dos pomares por uma média de R$1.

Produtores investem para diminuir custos e agregar mais lucro

No começo de fevereiro, quando a principal região produtora da maçã no Estado, Fraiburgo, começa a colher os primeiros frutos, o preço do quilograma cai abaixo dos R$ 0,70. O adicional que os produtores recebem pela variedade precoce é o que sustenta o negócio e movimenta a região, que começa a se estruturar para se tornar um dos grandes polos produtores de maçã do Estado.

Em maio de 2008 uma audiência pública realizada em Monte Castelo discutiu a necessidade de construção de unidades de classificação e de armazenamento das frutas da região, que viajavam até Fraiburgo para passar pela classificação e posterior comercialização. Hoje, parte desse processo ainda continua. Em Monte Castelo, segundo Zennis Grein, o projeto de construção de uma unidade de classificação já foi aprovado e dentro de 90 dias a verba será liberada. “O terreno nós já temos garantido por uma doação da prefeitura”, diz.

Em Major Vieira, que desde dezembro conta com uma unidade de classificação, o próximo passo deve ser uma câmara fria, mas apenas para o resfriamento das frutas, não para conservação, como acontece em outras regiões produtoras que comercializam as frutas durante todo o ano. “Nosso principal apelo é colocar a maçã no mercado antes dos outros, com mais preço. Temos de colher e vender já”, defende Menegazzio.

Matéria veiculada hoje, 15 de janeiro de 2010.

Um comentário: