quinta-feira, 11 de março de 2010

É tradição, minha gente

Erva-mate busca novos rumos para conquistar mercado

Produtores buscam aquisição do selo de Indicação Geográfica para o produto do Planalto Norte

Gracieli Polak
CANOINHAS

Como o espumante produzido na região de Champagne, na França, ou como o vinho da região do Porto, em Portugal, o chimarrão do Planalto Norte pode receber o reconhecimento como produto genuinamente regional, com características únicas e relevante valor histórico para os municípios que o produzem.
Na terça-feira, 9, produtores e representantes da indústria do mate se uniram a pesquisadores e a representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para discutir as possibilidades de reconhecimento do produto com Indicação Geográfica (IG), que diferencia a erva daqui das demais produzidas no Brasil e na América do Sul. Segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador da Estação Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) de Canoinhas, Adriano Martinho de Souza, este primeiro encontro foi organizado com o intuito de esclarecer aos produtores o conceito de IG e os benefícios de adquirir o reconhecimento para o produto. “Estamos formando um grupo técnico em erva-mate com representantes do setor para avaliar o que pode ser feito para valorizar o produto daqui, produzido em processo muito diferente do que na Argentina, por exemplo, que adota outro sistema, mais comercial”, explica.
De acordo com a pesquisadora francesa Claire Cerdam, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o IG é um diferencial de qualidade que, além de distinguir o produto dos demais, agrega valor não só ao produto final, mas também à região em que é produzido. “Não se cria uma Indicação Geográfica se o produto não existir, se não houver uma distinção dele para os demais em relação ao ambiente ou ao modo de fazer da região”, defendeu. Segundo Claire, se a erva-mate daqui possui características únicas, esta é uma premissa para o reconhecimento do IG, caso haja interesses dos envolvidos em buscar esse reconhecimento.

HISTÓRIA E FUTURO
Para o presidente do Sindicato da Indústria do Mate em Santa Catarina (Sindimate) Paulo Davit Baldo, a busca pelo IG para a erva produzida na região é um processo fundamental porque deve passar o produto. “Nós temos reputação, estrutura, história. Mais que isso, temos condição de promover sustentabilidade com o cultivo da erva-mate”, ressalta.
Baldo explica que a erva-mate, nos moldes como é cultivada no Planalto Norte, não agride o meio ambiente e que, mesmo com o estabelecimento de áreas de Reserva Legal, o cultivo não está ameaçado. “Porque não é ilegal a existência das plantas nestas áreas, o cultivo se mantém como uma atividade viável de bom aproveitamento de áreas que serão inutilizadas para exploração comercial”, afirma.
Segundo Luís Dranka, secretário do Sindimate, o fato da erva mate estar presente em cerca de 90% das propriedades rurais da região, significa um incremento na renda familiar de aproximadamente três mil famílias, fator que não pode ser negligenciado, embora a produção agrícola represente maior valor financeiro. “O cultivo da erva nas propriedades, de forma natural é automático e um complemento para o agricultor que se dedica a outras atividades”, afirma.
Uma agenda de reuniões para a discussão da Indicação Geográfica do mate da região está sendo organizada pelas entidades representativas, para dar continuidade às ações.

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“A erva produzida aqui nesta região, no Planalto Norte, é mesmo diferente?”, questiona José Carlos Ramos, chefe do serviço de políticas agropecuárias do Mapa em Santa Catarina. Conhecido no Sul do País e considerado sinônimo de produto de qualidade, o chimarrão feito com a erva produzida aqui, segundo Paulo Davit Baldo, é realmente diferente. “As condições favoráveis de chuva e solo, as temperaturas médias mais baixas, além da forma de cultivo sombreada, fazem com que a nossa erva seja, realmente, diferente, de um sabor privilegiado”, defendeu.
Segundo o presidente do Sindimate, Canoinhas era reconhecida há décadas justamente pela erva que produzia, a mesma em qualidade e sabor que é produzida hoje. “A diferença é que outras regiões passaram a usar a nossa fama para conquistar mercado”, explicou. Apoiado na “fama” do produto, umas possibilidades que se abrem com o IG é a exploração turística da região, defende Baldo, até hoje pouco explorada.

Matéria veiculada na sexta-feira, 12, no Jornal Correio do Norte.

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Um comentário:

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