sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Tempo fechado!




Possível tornado provoca devastação no interior
Pinheiros foram arrancados; madeira deve ser legalizada, diz Fatma

Gracieli Polak
CANOINHAS

O encontro de duas massas de ar diferentes causou a mudança radical no clima que atingiu o Estado desde o domingo, 6, segundo o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram). Além da chuva forte, no interior de Canoinhas, o vento assustou e deu trabalho aos moradores, que, graças ao período de entre safra, não tiveram muitos prejuízos, mas viram destruição em áreas de mata.
Na propriedade de Írio Dranka, no Salto d’Água Verde, a tormenta da madrugada de terça-feira, 8, que provocou a morte de quatro pessoas em Guaraciaba, no Oeste de SC, deixou 1 milhão de pessoas sem energia elétrica, além de 45 cidades com 340 mil casas danificadas, deixou ainda devastação na mata nativa do agricultor. Inúmeras árvores tiveram copas e galhos arrancados, mas a violência do vendaval ficou mais evidente com os estragos sofrido pelas araucárias da propriedade. “Nove pinheiros foram para o chão. Cinco perderam a copa e outros quatro foram arrancados pela raiz”, conta o agricultor. Dranka suspeita que um tornado tenha passado pelas suas terras, porque algumas árvores que perderam galhos estavam retorcidas em várias direções. “O vento veio de todos os lados, então isso pode ter sido um tornado”, acredita.
De acordo com o Ciram, é necessário fazer uma vistoria para comprovar o fenômeno, mas, devido ao grande número de cidades atingidas, este trabalho não é ágil. “No entanto, existem evidências de que o fenômeno pode ter atingido a região. Em alguns locais somente imagens já podem confirmar a ocorrência do fenômeno” diz a meteorologista Laura Rodrigues.

NA REGIÃO
Em Três Barras, de acordo com informações do Corpo de Bombeiros, houve apenas duas ocorrências registradas, para retirada de árvores da pista. Em Bela Vista do Toldo, o fenômeno destelhou algumas casas, mas os prejuízos maiores foram na zona rural, devido às árvores caídas na rede de energia elétrica do município. Até a tarde de ontem, algumas comunidades ainda estavam sem energia.
Monte Castelo teve 270 edificações atingidas, com pelos menos dois feridos, sendo uma vítima de infarto e 40 desalojados.
Para quem teve árvores nativas arrancadas em sua propriedade a gerência regional da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) faz um alerta: é preciso regularizar a madeira para poder utilizá-la. “É preciso que eles regularizem a situação, até mesmo porque o transporte até uma serraria, por exemplo, precisa estar documentado”, esclarece a bióloga Mariane Murakami da Silva.
A Fatma, segundo Mariane, está recebendo inúmeros pedidos de informação sobre a regularização desde terça-feira, mas para que os proprietários possam aproveitar a madeira, obrigatoriamente, devem entrar com projeto junto ao órgão.

NÍVEL NORMAL
A chuva deixa as comunidades ribeirinhas apreensivas. A altura do rio Canoinhas, segundo informações do 9.º Batalhão de Bombeiros, ainda não é preocupante. Medição realizada ontem à tarde constatou que o nível de água é de aproximadamente 4,4 m. Quando atinge 5,7 m a situação começa a preocupar.
Entre segunda-feira, 7, e ontem, a estação meteorológica de Major Vieira, registrou choveu 109 milímetros. O volume só é menor que o registrado em Urubici, no Planalto Sul, e Rio do Oeste, no Alto Vale do Itajaí.

Tempo deve permanecer instável no final de semana
Chuva permanece e risco de ventos fortes persiste: comunidades ainda estão sem luz

Oficialmente em situação de emergência, Canoinhas ainda conta os prejuízos causados pela forte chuva da madrugada de terça-feira, 8. Segundo dados oficiais da Defesa Civil do Estado, 310 edificações foram afetadas em Canoinhas e o município espera o reconhecimento do decreto para receber ajuda do Governo do Estado. “Cerca de 150 pessoas nos procuraram para receber ajuda, como lonas para cobrir as residências”, afirma Felipe Davet, coordenador da Defesa Civil no município.
Em decorrência do vendaval, o Corpo de Bombeiros também recebeu pedidos para atender a mais de 40 casos, mas, na maioria das chamadas, o auxílio era prestado também para os vizinhos, por isso, de acordo com a entidade, não foi possível precisar a quantidade exata de pessoas atingidas. Quatro dias depois do fenômeno, de acordo com Davet, a situação agora é estável, agravada apenas pela falta de energia elétrica nas residências do interior do município.

SITUAÇÃO CRÍTICA
Em toda a região, até a tarde de ontem os problemas com falta de energia elétrica persistiam. Segundo o chefe da agência de Canoinhas da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), Osvaldo Roberto Romanowski, a situação é crítica, porque os estragos provocados pelo temporal ainda são incalculáveis. “Estamos trabalhando em 10 equipes, praticamente sem parar, e não conseguimos arrumar tudo”, diz.
Romanowski conta que mais de 30 postes foram arrancados e a quantidade de fios atingidos por galhos de árvores não pode ser precisada. Em algumas comunidades do interior, como Serra das Mortes, Barra Mansa e Rio d’Areia a energia ainda não foi restabelecida. “Se o problema tivesse acontecido somente aqui, nós teríamos reforços, mas como aconteceu em toda a região, falta pessoal para fazer o conserto”, explica. Diante da situação, o alerta para que as pessoas não se encostem a fios caídos permanece. “Pode ter corrente elétrica, então é perigoso. Não queremos nenhum acidente deste tipo”, esclarece.

O QUE ESPERAR DO TEMPO?
A chuva que cai sem cessar desde o domingo, 6, promete mais uma vez aparecer durante o final de semana na região. De acordo com previsão divulgada pelo Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram) uma leve melhora poderá ser sentida hoje na região, quando as precipitações serão intercaladas com momentos em que o sol aparecerá. Amanhã e no domingo, 13, no entanto, o tempo fecha mais uma vez, mas os fenômenos previstos para estes dias são menos dramáticos que os enfrentados no começo da semana.
As temperaturas amanhã oscilam entre 13 e 19° C, com rajadas de vento que podem chegar aos 30 Km/h, com chuva durante o dia todo. Para o domingo, a oscilação é maior, entre 11 e 22° C, e no início e no final do dia o sol poderá aparecer. Com precipitação acima de média no mês de agosto e também maior que a expectativa neste começo de outubro, a instabilidade é preocupante na região (acompanhe previsão para próximos meses ao lado).

Matérias veiculadas hoje, 11 de setembro de 2009.

Correio do Norte

Quem lê, sabe.

2 comentários:

  1. Quem lê, sabe porque você é minha jornalista preferida!!!

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  2. Meu, Graci, vc escreve muito muito muito bem. Até um texto sobre coisas trágicas se torna gostoso.

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